Após o anúncio oficial de Steve Jobs de que está deixando o comando da Apple nesta quarta-feira (24), ficou a cargo de Tim Cook a responsabilidade de assumir a fabricante de computadores, tablets e smartphones no lugar do fundador da companhia.
Vice-presidente operacional, Cook já comandou a empresa durante os períodos de licença médica de Jobs.
"Pedi a Tim Cook para ser responsável pelo dia a dia das operações da Apple. Tenho grande confiança de que Tim e o resto da equipe de gerenciamento executivo vão fazer um ótimo trabalho de execução dos planos emocionantes que temos em vigor para 2011", disse Jobs no e-mail em que anunciou licença médica em janeiro deste ano.
Com 50 anos de idade, Cook, que desde 2005 ocupa o cargo de Chief Operating Officer (COO) entrou para a Apple em 1998 como vice-presidente de operações. Antes, ele trabalhou na Compaq e na IBM, onde atuou por 12 anos. Cook já substituiu Jobs durante sua ausência em 2009, quando teve que fazer um transplante de fígado e, em 2004, quando o CEO da Apple fez tratamento para um câncer no pâncreas.
De acordo com a Apple, Cook é responsável pelas vendas e pelas operações mundiais da empresa, incluindo gerenciamento da cadeia de produtos, atividades de vendas e serviço e suporte ao consumidor em diversos mercados e países.
Vice-presidente de operações da Apple, Tim Cook (esq) aperta a mão do presidente da Verizon Wireless em evento de lançamento do iPhone da Verizon 4 em Nova York, nesta terça-feira .
Ele também lidera a divisão Macintosh e tem papel fundamental em desenvolver uma estratégia para os revendedores e varejistas.
Embora exista especulação sobre a ausência de Jobs pode representar para a Apple, uma das empresas de tecnologia mais valiosas do mundo, nos bastidores Cook já comanda a companhia. De acordo com a Bloomberg, ele já possui um papel fundamental para o funcionamento da Apple desde a licença médica de Jobs em 2009.
Desafios
Hoje, o herdeiro do comando da Apple precisa provar que seus instintos tecnológicos continuam tão aguçados quanto no momento em que optou por trocar a então poderosa Compaq, na época a maior fabricante mundial de computadores, pela Apple, que nos anos 90 mal conseguia se manter à tona.
"Minha descoberta mais significativa até agora na vida resultou de uma única decisão, a de trabalhar para a Apple", disse Cook no ano passado. "Trabalhar na Apple jamais constou dos planos que fiz para minha vida, mas sem dúvida alguma foi a melhor decisão que já tomei."
Mas o que a maioria dos investidores deseja saber é se ele tem o mesmo instinto de Jobs para antecipar aquilo que os consumidores desejam antes que eles mesmos o saibam.
Pessoas que conhecem Cook ou trabalharam com ele nas duas últimas décadas se referem ao executivo em tom de reverência, empregando adjetivos como "brilhante" e "fenomenal".
Decisão instintiva
A chegada de Cook à Apple se tornou parte da lenda da companhia. O "Wall Street Journal" publicou que Jobs, que voltou à empresa para tentar salvá-la do naufrágio, havia recusado diversos candidatos ao posto de maneira caracteristicamente brusca e, em um dos casos, abandonando a entrevista no meio.
Segundo Cook, os dois simpatizaram um com o outro de imediato, e isso o levou a tomar sua decisão. "Eu decidi escutar a minha intuição e não o lado esquerdo do cérebro."
A despeito da simpatia instantânea, Jobs e Cook não poderiam contrastar mais. Enquanto Jobs é famoso pelo temperamento explosivo --costuma demitir subordinados na hora--, Cook é descrito como simples e cordial.
Enquanto Jobs é conhecido por seu interesse em comida vegetariana e questões espirituais, Cook nasceu no Alabama, é torcedor do time de futebol americano da Auburn University e fanático por exercícios físicos.
E enquanto Jobs desfrutou de fama semelhante à de um astro pop no início da carreira, como pioneiro da era da computação, o discreto Cook trabalhou por anos na obscuridade, um especialista em assuntos operacionais que se tornou o principal subordinado em uma das empresas mais famosas do mundo.
Ele criou uma reputação como gênio operacional, e recebe crédito por ter ajudado a reanimar a Apple depois da severa queda que a empresa sofreu nos anos 90, e transformá-la no que é hoje.
Há quem diga que as realizações de Cook, entre as quais o comando da divisão Mac, que voltou a crescer, demonstram que ele é mais que um especialista em questões de cadeia de suprimento.
(texto totalmente retiro do G1)